Solenidade de abertura – I Seminário Nacional Sobre Formação Continuada de Professores do Ensino Médio – outubro 2013

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Professora dra. Monica Ribeiro, coordenadora do Seminário Nacional Sobre Formação Continuada de Professores do Ensino Médio.

Monica Ribeiro: Olá, bom dia, pessoal. Que bom, chegou o dia! Para quem estava esse tempo trabalhando nessa organização, hoje esse momento é bastante importante e vou falar poucas palavras para dar as boas vindas pra vocês. A Ana Carolina já agradeceu e eu agradeço mais uma vez o empenho de todos os que se deslocaram, para que a gente possa, nesses dois dias, pensar algo que eu tenho certeza, todos nós consideramos, ou iremos considerar um grande feito nacional. Nós estamos aqui reunidos em torno de uma mobilização deste país, para que Universidades, Secretarias de Estado e Governo Federal se mobilizem em torno de uma das grandes questões nacionais, não só em termos de educação, mas em termos do que é o nosso país hoje, que é o ensino médio, esta última etapa da educação básica, consagrada em lei pelo menos até os 17 anos como etapa obrigatória. E em torno disso, que nós hoje estamos aqui nos mobilizando.

Eu gostaria de deixar acima de tudo, nesse início de conversa, um convite, um convite ao empenho, um convite para que a gente se abra em torno dessa grande mobilização nacional, que ficará a cargo das Secretarias de Estado e das Universidades naquilo que Ana já mencionou como um acontecimento inédito, porque o nosso projeto é, nada mais, nada menos, do que chegar a 400.000 professores participando dessa grande formação em rede. É um feito magnífico pela sua importância, pela sua importância política, pela sua importância social, e por essa razão eu deixarei aqui um convite para que, de fato, nesses dois dias consigamos pensar quais caminhos, quais percursos iremos fazer diante deste grande desafio. Muito bem vindos, e mais uma vez obrigada por estarem aqui.

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Professora Núria Pons, vice diretora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.

Núria Pons: Bom dia à mesa, bom dia a todas e todos. É com grande satisfação que o Setor de Educação recebe este projeto, que é um privilégio para nossa Universidade. 100 anos completamos de UFPR, 40 anos de Setor de Educação este ano e recebemos com imensa satisfação um projeto com a coragem da professora Monica Ribeiro, que também reverenciamos nesse momento, que acima de tudo representa o calcanhar de Aquiles também de nossa formação.  Neste momento, não é só um pacto do Ensino Médio, mas mostra mobilização para o Ensino Médio. Então o Setor de Educação agradece a todos e todas, e que façamos deste primeiro Seminário a real formação e caminhos prósperos para a educação no Brasil, pensemos sim, hoje, amanhã e depois no Ensino Médio, que é tão, tão, tão massacrado e que tanto precisa de todos nós. Muito obrigada, o Setor de Educação agradece a presença de todos e todas.

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Professor Roberval Angelo Furtado, representante do Conselho Nacional dos Secretários de Educação.

Roberval Angelo Furtado: Bom dia. Eu quero em nome da professora Jaqueline, que representa o ministro Aloízio Mercadante, ao reitor Zaki, cumprimentar os componentes da mesa, quero cumprimentar os representantes das 40 Universidades que aqui estão, sejam elas Federais ou Estaduais, que eu já identifiquei  a nossa Universidade Estadual aqui presente, cumprimentar os técnicos das Secretarias de Estado da Educação que estão aqui das 27, as 26 estaduais e a do Distrito Federal, e aos demais convidados. E em nome da professora Maria Nilene Badega da Costa que é a presidente do CONSED e Secretaria de Estado da Educação de Mato Grosso do Sul dizer que é uma satisfação muito grande participar deste evento, professora Jaqueline. Quando recebemos a pasta, e vimos aqui uma proposição de um Pacto Nacional pelo Ensino Médio, é muito interessante salutar o momento por conta de que todos nós estamos mediante a Emenda Constitucional 59, a alteração da LDB, que é do início de abril deste ano, aonde temos um compromisso legal e mais do que legal, um compromisso de cidadãos pela cidadania desses jovens que estão no país e muitos deles à margem da escolarização, trazê-los para a escola e muitos deles que nunca estiveram na escola na faixa etária, como bem situou a professora Monica, e fazer com que aconteça com uma qualidade social que todos merecem.

Temos um distanciamento que todos sabemos, não podemos negar, entre a academia e as redes estaduais de ensino, temos que encurtar e acabar com esse distanciamento, temos que nos abraçar e de repente este momento que é inédito aqui, e realmente é inédito, é o início de um abraçar e de um entrelaçamento que tem que ser melhor efetivado em cada um dos estados para que essa formação, ela efetive em todos os municípios desse nosso país. Temos nos mais de 5.500 municípios escolas de Ensino Médio onde precisa acontecer a Formação Continuada de Professores e temos que lembrar que essa formação muitas vezes é inicial, porque temos ainda um grande quantitativo de professores que não tem a formação adequada para as disciplinas que eles ministram aulas, o desafio é muito grande. Temos no âmbito do CONSED e das Secretarias de Estado da Educação, discutido inúmeras questões referentes ao Ensino Médio, a formação dos professores é um dos pontos que nos preocupa muito, mas a professora Jaqueline sabe disso e quem discute o Ensino Médio sabe que tem outras demandas importantíssimas no Ensino Médio, mas não poderíamos deixar de discutir a formação de professores, porque nenhuma ação voltada para o Ensino Médio se efetivará se não tivermos professores melhores capacitados, melhores preparados para que possamos fazer com que as coisas aconteçam para outros jovens. E o brilho desta apresentação que vimos aqui, desses jovens que por aqui passaram somada a força do nosso trabalho, por esses dias que teremos aqui, hoje e amanhã, e os outros que percebemos aqui pelo documento rapidamente olhando, possamos fazer melhor pelo Ensino Médio no nosso país, obrigado.

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Professora Telma Valéria, representante da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

Telma Valéria: Bom dia a todos e a todas, sejam bem vindos à Curitiba, e é bom que vocês chegaram com um clima mais agradável e espero que esses dois dias sejam muito bons e frutíferos aqui nas nossas discussões.  A Secretaria de Estado do Paraná nos dias 19, 20, 21 e 22 de agosto realizou o primeiro Seminário sobre o Programa do Ensino Médio Inovador, nessa ocasião contamos com a presença da professora Sandra, com a professora Adriana, onde realizamos toda essa discussão e a necessidade de rever o Ensino Médio no Estado do Paraná, bem como é uma discussão nacional. E nessa ocasião um dos apontamentos que ficou bem claro para todos nós é a necessidade da formação dos professores. Então, quanto Secretaria do Estado da Educação, acreditamos que a formação continuada desses professores é essencial para que qualquer programa ou que qualquer política educacional obtenha sucesso.

Então, estamos aqui felizes por estar participando deste momento e estamos abertos a essa parceria, e agora temos buscado muito as parcerias com as Universidades, a Universidade Federal, com as Universidades Estaduais. E estamos contentes com este momento e esperamos contribuir bastante para esta formação. E acreditamos que a formação é essencial e o que podemos ver hoje aqui de manhã nessa apresentação, quando o professor acredita no seu trabalho, quando ele tem formação e condições, podemos ter resultados positivos como esse, obrigada.

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Francisco Soares, representante do Conselho Nacional de Educação.

Francisco Soares: Eu queria agradecer o convite feito ao CNE, eu trago a saudação do professor Moacir Feitosa que é o presidente da Câmara de Educação Básica, do professor Lima que é o presidente do CNE, eu saúdo meus colegas na mesa, na pessoa do Reitor Zaki e os participantes na pessoa da professora Yvelise que é a nossa colega de discussão, está sempre representando a Secretaria junto ao Conselho e também a professora Jaqueline que no fundo é para quem todos olhamos quando estamos falando desta atividade. E esse Seminário tem uma palavra importante, a palavra “Nacional”, quando eu peguei a minha pasta e tive que colocar de qual estado, eu coloquei “BR”, eu estou representando o Conselho, mas perceba, isso é algo que estamos nos acostumando. A educação, para se concretizar, ela precisa de um projeto de nação, e estamos aos poucos nos acostumando que precisamos construir uma nação para todos, a dimensão da inclusão, e portanto da enorme diversidade do país.

O Ensino Médio, como a professora disse, é de 15 aos 17 anos, há uma grande procura pela forma mais adequada de organiza-lo, não temos uma resposta pronta, mas a busca é tão intensa que tem muitas vozes que já se manifestaram, inclusive a do Conselho Nacional, numa resolução recente sobre o Ensino Médio, esse é o formato que o Conselho fala, ele fala através de pareces e resoluções que eventualmente são homologados pelo Ministro na Educação. No entanto, a fala do CNE, ela é mais normativa, não inclui as especificidade do que ensinar, do que os estudantes devem aprender, por isso outras vozes são necessárias, como as que ouviremos nesse Seminário.

Falar de formação continuada naturalmente envolve explicitar os objetivos da educação, a nossa Constituição de 68, ela já nos orienta quando ela diz no Artigo 205 que a Educação é direito, direito de todos, dever, dever do Estado e da família, e tem três grandes objetivos, uma vida plena, preparação para a cidadania e para o trabalho. São três objetivos, é claro que a Constituição, ela fala de uma forma muito geral, isso terá que ser melhor especificado. E onde isso é feito? Isso é feito num outro artigo constitucional, que é o Artigo 210, que nos convida de uma forma muito clara a enfrentar a discussão que esse Seminário de alguma maneira coloca, e ele diz: “Serão fixados conteúdos mínimos para o Ensino Fundamental de maneira a assegurar a formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos nacionais e regionais.” Hoje provavelmente um legislador não usaria essa formulação “conteúdos mínimos”, seja a palavra “conteúdo” que nos remete a um ensino muito focado em si mesmo, desculpa, um ensino de conteúdos muito focados em si mesmos e não para a vida, como é a primeira finalidade da educação e muito menos “mínimos” que é algo que queremos deixar para a trás, a ideia de que para uns tudo, para outros o mínimo, é uma ideia que aos poucos está sendo vencida nesse país.

No entanto, essa recomendação de deixar claro, concreto no direito à Educação ainda não foi feito, apesar de ter sido reafirmado várias vezes. A LDB que já é de 96, no Artigo 9°, ela diz a mesma coisa, depois as resoluções do Conselho, e em três momentos no Plano Nacional de Educação, também se diz que serão especificados, será criado um consenso sobre o que, que passando pelo ensino Fundamental , pelo Ensino Médio, o estudante vai aprender, ou seja, essa é uma discussão que temos que fazer, temos que ter clareza, que tipo de ensino vamos ter dentro de um projeto maior. Eu cheguei à Educação em 95 através da avaliação que é um tema muito antipático, é claro que penso a avaliação a partir do direito à Educação, eu vejo a avaliação primeiro como uma forma de verificação do direito, mas depois da minha indicação para o Conselho Nacional eu tenho tomado várias escolhas, eu tenho entendido que a discussão nos ultrapassa, independente da área, a minha era avaliação, a discussão nacional ela é mais ampla, e aí é muito importante que nos acostumemos, e eu digo isso para mim e reparto com vocês sem nenhuma outra intenção que é essa: que é preciso ouvir o outro, eu queria citar Paulo Freire que no livro “Pedagogia da Autonomia” , coloca isso de uma maneira muito clara, olha, “faz parte da nossa prática ouvir o outro e principalmente ouvir o outro de quem discordamos”.

O Ensino Médio vai precisar muito disso porque temos muitas vozes, temos muitas tradições e não está no momento de simplesmente dizer que “o que eu penso é o que deve acontecer”, temos que aqui também, eu penso e falo apenas por mim, nesse momento reconhecer uma enorme diversidade, o Brasil ensina isso, é conviver com algo que nos faz felizes para combater o que nos faz infelizes que é a desigualdade, diversidade, mas contra a desigualdade, o Ensino Médio vai nos ajudar nesta batalha, muito obrigado.

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Jaqueline Moll, diretora de currículos da educação integral do Ministério da Educação.

Jaqueline Moll: Bom dia a todos e a todas, quero dizer que é uma grande alegria estar aqui, foram anos para chegar neste momento. Anos que me antecedem inclusive como Diretora de Currículos do Ministério, Artexes que está aqui, que me antecedeu como diretor já tinha começado este debate. Quero cumprimentar a todos da mesa, na pessoa do Senhor Reitor e dizer da alegria que é estar nessa mesa com o Conselho Nacional de Educação, com o Conselho Nacional de Secretários da Educação, com a Secretaria de Estado do Paraná, este estado que nos acolhe, com a Universidade Federal, com o Setor de Educação.   É uma grande alegria estar aqui e saudar muito especialmente a Monica, eu conversava com o Reitor no início “a Monica é um dínamo”, e esse trabalho vai exigir a energia de muitos dínamos, porque é um trabalho que tem que nos colocar em rede, as palavras do Chico Soares são palavras que de fato ecoam muito do que estamos discutindo e quando ele traz Paulo Freire nessa questão de ouvir o outro para mim é o diapasão que me acompanha nesses nove anos de trabalho no Ministério. E eu tenho certeza que estamos aqui enfrentando e nos organizando para enfrentar uma questão que é de toda a sociedade brasileira, o direito ao Ensino Médio, é um direito muito recente, é um direito que não está incorporado, as classes populares mal vão indo, sabemos que dos 10 milhões de jovens de 15 a 17 anos, que seria a idade de estar no Ensino Médio, só metade estão no Ensino Médio, mais de 3 milhões estão no Ensino Fundamental retidos numa lógica que não tem ajudado esses meninos e meninas, em projetos que não falam da vida que eles vivem, que não conseguem aproximar vida e conhecimento, mais de 1 milhão não estudam e nem trabalham, estão por aí, e esse “por aí” é pesado para a sociedade brasileira porque ele reflete essa estrutura de desigualdade que tem que ser enfrentada.

E o grande desafio de fundo para todos, ontem eu participava no Congresso Nacional de um grande Seminário Internacional sobre Educação Integral, dizia isso, o desafio da educação integral, da escola de mais tempo e de formação integral, na verdade no Brasil é o desafio de fazer a escola Republicana, de fazer a escola que seja um pouco, me inspiro no Mario Quintana quando ele diz que democracia é dar a todos o mesmo ponto de partida, o Brasil nunca deu a todos o mesmo ponto de partida e continua não dando. Avançamos sim, concordo com as palavras da colega do Setor de Educação, avançamos, a sociedade brasileira vem fazendo avanços significativos, mas temos que avançar mais e avançar numa perspectiva, repito, que nos coloque em rede, ninguém tem, e aí Chico de novo tem razão, o saber que pode resolver as questões do Ensino Médio, não há uma proposta feita que possa se aplicar de modo homogêneo em todas as escolas, sempre temos que ter muito cuidado com isso porque o resultado vai ser tanto melhor quanto mais tivermos a capacidade de envolver os professores, os estudantes, os gestores das escolas, os funcionários das escolas, as comunidades dos entornos das escolas como sujeitos desse processo. Não há uma escola igual a outra, não dá pra imaginar que vamos ter uma proposta igual e que de modo iluminista agora virão os conceitos que nos iluminarão. Temos várias referências e diria que a principal delas hoje evidentemente além de tudo o que diz a Constituição e a nossa LDB já mencionada aqui pelo CONSED são as Diretrizes Curriculares Nacionais, foram 10 anos de profundo e intenso trabalho, e trabalho participativo da sociedade na construção de diretrizes e diretrizes que dão voz inclusive a sujeitos historicamente silenciados da sociedade brasileira, tem que parar de achar que o Brasil é o Rio de Janeiro e São Paulo, embora a gente ame o Rio de Janeiro e São Paulo também, sejam muito bem vindos, mas essa visão massificada urbana de classe média branca ela não nos ajuda a avançar, uma escola para todos é uma escola que vai ter que ter afeição de todos, de cada um que está na escola, e essa é uma construção cotidiana, diária e precisa sim, daquilo que está no Artigo 26 da LDB que é uma base Nacional comum, aliás, viemos de três dias de debate da base nacional comum, estamos com um grupo de trabalho que envolve Universidades, vários representantes de Estados da Federação, professores da Educação Básica e estamos construindo um texto de referência para um grande debate nacional, não entendemos que a base nacional seja uma lista de conteúdos, isso já tivemos, inclusive os “mínimos” que o Chico se referia, os militares fizeram conteúdos mínimos, tínhamos listas de conteúdos mínimos. E não é por ter ou não a lista de conteúdos mínimos que as pessoas aprendem mais ou menos, porque há uma tradição pedagógica que informa o professor sobre aquilo que ele deve ensinar, sabemos que a aprendizagem ou não, está muito mais vinculada à ausência de condições para que ela aconteça do que aquela lista de conteúdos, até porque o livro didático que hoje está absolutamente universalizado, ele traz um roteiro, ele tem uma linearidade, ele leva de um ponto menos complexo para um ponto mais complexo.

Evidente que é importante ter clareza sim, nas áreas de conhecimento consagradas na LDB e quase que mundialmente, o que é importante que os alunos aprendam? O que é básico na Educação Básica? O que nenhum estudante que termina o Ensino Médio pode deixar de conhecer na escola? Até porque só na escola ele iria conhecer. Então estamos também nesse debate. Quero saudar, e a minha fala é sempre absolutamente informal porque eu vou saudar na metade dela, a minha querida colega Yvelise que está aqui, diretora também da Secretaria de Educação Básica, uma feliz interlocutora, uma alegria tê-la no Ministério, saudar com muita alegria a minha amiga Sandra Garcia, companheira de muitas lutas, acho que temos lutado todas as lutas, batalhado todas as batalhas para fazer essa escola que faz a diferença na vida das pessoas, Ítalo Dutra, colega que veio lá do Colégio de Aplicação da UR e que tem nos ajudado muito no debate do Ensino Fundamental está aqui, porque lembrem que temos, eu repito, quase metade desses meninos de 15 a 17 estão no Ensino Fundamental, não dá para debater o Ensino Médio como uma etapa agora solta, ao contrário, mais do que nunca temos a oportunidade de pensar o Ensino Médio como parte da Educação Básica, como etapa conclusiva desse patrimônio que o Estado Brasileiro tem que legar para cada um e para todos nesse Brasil.

Ouvindo esses meninos aqui, todos nos emocionamos, muitos sabem, eu conheço muitas pessoas que estão aqui que são de vários estados da federação e é muito importante que estejam aqui, eu venho trabalhando no programa Mais Educação que é uma ação indutora para a política de Educação Integral e Formação Integral, vamos chegando a 50 mil escolas nesse ano, vamos chegando a 5 mil escolas do Ensino Médio Inovador, também vai nessa perspectiva de ampliação de jornada e acreditamos que o nosso desafio é construir essa escola. Então assim, o desafio é a Escola Republicana que há 100 anos devia estar já entre nós, então os desafios vem da história, mas o desafio de pensar uma escola contemporânea é um desafio de equilibrar razão e sensibilidade, somos um país que sempre deu para os pobres, camadas majoritárias populacionalmente numéricas também no nosso país, o legado do trabalho bruto, e há muitos que pensam ainda “bom, para os filhos desses, um pouquinho de português, de matemática para dar o básico aí que eles vão se inserir”, porque para alguns interessa a inclusão produtiva.

O Chico lembrava os nossos grandes objetivos da Educação Nacional, falamos de uma inclusão emancipatória, e essa é a grande luta que estamos lutando, uma educação que equilibre razão e sensibilidade, e traga as dimensões tão claras que estão nas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio, a ciência, a cultura, as tecnologias e o trabalho. Não é possível uma sociedade na qual ainda o berço e o sobrenome determinem o destino das pessoas. Sabemos que há um grande esforço governamental para abrir as portas da Universidade, para democratizar o acesso, mas sabemos que há um grande peso sim da origem de classe das pessoas, porque a origem de classe determina o tipo de escola que estuda com mais ou menos condições e isso mais ou menos determina o destino. Temos que romper com isso, e ninguém rompe com isso de domingo para segunda ou por uma lei, mas é a consciência como sociedade dos direitos que a pessoa tem que vão nos fazendo avançar. Então quero agradecer muito, lembrar a todos que lá com o nosso ministro Mercadante, com o secretário Romeu, amanhã estarão os vinte e sete secretários de Educação, dos 26 estados e do Distrito Federal, exatamente amanhã o ministro apresentará eles com o nosso querido Romeu Caputo, isso que vamos discutir aqui, a formação, esse aspecto da grande política para Ensino Médio que vamos daqui a pouco apresentar para aqueles que não conhecem e reapresentar para aqueles que já conhecem e para quem já apresentamos.

Então é um momento muito, muito feliz da história da educação brasileira, e muito tenso, porque evidente que há posições que são não só discordantes mas antagônicas, mas o nosso desafio é fazer o agora, o espaço do debate público, a esfera pública, não se trata de vencer ninguém, se trata de construir uma sociedade que inclua a todos e de novo, Chico, muitas vozes, muitas tradições e eu acho que temos que ter a capacidade e a maturidade política de numa sociedade democrática permitir que a diversidade se expresse de modo muito forte e que ela seja um instrumento no enfrentamento à desigualdade. Acho que eu disse tudo, agradecer profundamente o espetáculo dos estudantes do Maria Aguiar, eu me emocionei muito e eu acredito nisso, equilibrar razão e sensibilidade, não podemos continuar numa sociedade que parte dela é destinada a força bruta, e a outra parte vai então para aquilo que é mais elaborado, é o desafio da nossa geração, desafio da nossa vida, e muito obrigada à Universidade Federal do Paraná que aceitou esse grande desafio há meses, enfim, o Ministério entrou em contato com o Reitor, enfim, por intermédio da professora Monica, do Setor de Educação e vocês vão coordenar um grande trabalho e um trabalho que transcende os governos, eu vou ser bem explícita nisso, estamos na esfera pública e no debate da política pública da educação, democracia no Brasil tem que se aprofundar, vem se aprofundando, vem se consolidando é temos que fazer da educação uma política de Estado.

O ano que vem é um ano de eleições, portanto é um ano um pouco mais tenso, e temos que conseguir continuar o trabalho, porque as equipes técnicas das Secretarias que estão aqui futuramente continuarão trabalhando com as mudanças partidárias que acontecem na medida em que a democracia vai renovando os quadros, a Universidade está aqui como uma instituição centenária e a Universidade pode ser o ancoradouro desse debate, o acompanhamento do Conselho Nacional de Educação é muito importante, porque o Conselho tem sim uma autonomia e uma possibilidade de nos ajudar nessa caminhada, muito obrigada.

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Zaki Akel Sobrinho, reitor da Universidade Federal do Paraná.

Zaki Akel Sobrinho: Bom dia a todos, a todas que vieram para esse evento, quero saudar à Jaqueline, ao Francisco, à Telma, ao Roberval, à Núria, à Monica, saudar os nossos amigos do MEC que aqui estão, o Ítalo, a Sandra, nossa querida amiga Yvelise, que emprestamos temporariamente para atuar no Ministério, à todos os representantes das Secretaria Estaduais de Educação, as quarenta Universidades, à todos os educadores que vieram participar deste debate e deste momento de reflexão. Eu quero pontuar apenas dois tópicos:

O primeiro é a alegria pela parceria com o nosso Ministério da Educação, para a centenária Universidade Federal do Paraná é um prazer servir de base de lançamento para esse projeto, recebê-los de braços abertos e eu queria enaltecer a professora Andréa Caldas que infelizmente não está presente, mas a Núria que representa aqui a direção da nossa Faculdade de Educação, vamos chamar assim, a Monica que tem sido uma guerreira, tivemos reuniões tensas, não é Monica? Porque tivemos algumas dificuldades operacionais para a realização desse evento, mas o mais importante é que estamos aqui hoje e vamos estar amanhã, e vamos avançar muito esse projeto de formação de professores, de discussão e reflexão sobre o Ensino Fundamental e Médio. Eu queria dizer que a Universidade, hoje e amanhã, aqui é o campus avançado da Federal do Paraná, esse Hotel Bourbon, de fato tem esse papel, como você bem lembrou, Jaqueline, talvez possamos ser esse ancoradouro, gostei dessa expressão, porque somos perenes, estamos acima de partidos, de momentos eleitorais e ficamos, e nós gestores passamos pela Universidade, eu já estou há 5 anos praticamente como reitor da Federal do Paraná e cada vez mais me convenço do segundo tema que eu queria tratar com vocês.

É a questão daquela visão integrada de um sistema educacional, numa ocasião eu participei de um debate aqui em Curitiba, o nosso ex Ministro, Cristóvão Buarque que sempre foi um grande defensor de que se separasse o Ministério da Educação em dois, tivesse o Ministério da Educação para cuidar, creio eu, do Ensino Fundamental e Médio melhor, com mais recursos. E propunha separar o Ministério e cuidar melhor de uma área que é carente, que precisaria de mais recursos, e o Ensino Superior deveria estar junto com a Ciência e a Tecnologia num outro espaço porque não teria muito a ver, assim poderiamos cuidar melhor das nossas crianças do Brasil. E eu na época, que até estava anfitrionando, porque o evento foi na nossa Universidade, defendi aquela visão, que creio que na época o Ministro Fernando Haddad representava, mas hoje o ministro Mercadante representa também a perfeição, e aquela visão que antes de ontem a presidente Dilma esteve aqui e ela também já incorporou da creche à pós graduação, essa é a visão que eu também tenho como professor, como educador, como reitor da Universidade Federal do Paraná, porque a cada dia me convenço mais que a Universidade tem um papel fundamental a desempenhar na discussão da educação do nosso país, não apenas porque temos inúmeras licenciaturas e somos responsáveis pela formação de professores para todos os níveis de ensino, porque temos o nosso curso de Pedagogia, nosso Mestrado, Doutorado, nossas Pós Graduações que estão formando quadros para todo o país, mas porque temos grandes reflexões a fazer e contribuições a dar para toda a formação de professores.

Jaqueline pode ter certeza, a Federal do Paraná tem dito sim sempre aos desafios que o MEC nos lança, temos participado de inúmeros projetos e eventos, tenho muito orgulho do que estamos fazendo, dos nossos polos, da educação à distancia onde estamos formando professores para atuarem ainda melhor nos demais níveis de ensino, e temos um trabalho integrado. Por isso eu queria dizer que estou muito feliz hoje, tivemos na liderança da Andrea, da Professora Maria Amélia Sabbag Zainko também nossa Pró-reitora de educação, uma grande liderança no setor educacional brasileiro, tivemos uma participação intensa no estado do Paraná, lideramos o nosso fórum estadual, e a pedido do relator Angelo Vanhoni fizemos 10 seminários em todo o Estado e mandamos um grande volume de emendas para o Plano Nacional de Educação, esse papel de articulador, de mediador, de ancoradouro, de plataforma, de uma casa que está sempre de portas abertas e colocando seus melhores talentos à disposição. Eu queria lembrar que em Curitiba, a Secretária Roberlaine, é professora do nosso Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná, nosso secretário de Estado e Vice-Governador, Flávio Arns, é professor da Universidade Federal do Paraná, a Yvelise, querida amiga que está agora no MEC, é um dos quadros da nossa Universidade, que está discutindo políticas nacionais para a educação. Esse é o papel de uma Universidade cidadã, de uma Universidade Integrada em transformar o país pela educação.

Sejam todos muito bem vindos e que esses dois dias sejam de grande proveito para todos nós e para o Brasil, para o futuro do nosso país, obrigado, excelente trabalho a todos.

Curitiba/PR, 31/10/13.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=j6upoIVij0U?rel=0&w=710&h=399]

Assista acima o registro integral em vídeo das falas das autoridades na abertura do Seminário.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=XLvFu3m_A5c?rel=0&w=710&h=399]

A solenidade contou com a apresentação da Banda Musical de Concerto da Caximba, composta por alunos da Escola Professora Maria Gai Grendel, em Curitiba, e coordenada pelo professor Vitor Rodrigues. Além de entoar o hino nacional, a banda apresentou um repertório composto por músicas dos Beatles, Tim Maia e Raul Seixas.

O grupo conta com cerca de 40 músicos com idade acima de 11 anos e iniciou suas atividades em agosto de 2011 dando à crianças e jovens da comunidade a oportunidade do aprendizado em música. Em novembro de 2011, com apenas três meses de formação a banda trouxe o título de Campeã da categoria sênior, na Copa Interestadual de Bandas e Fanfarras de General Carneiro/PR. A partir daí já realizou diversas apresentações em Curitiba e cidades do interior do Paraná.

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