Orientadores de estudo da formação continuada do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio discutem sobre Áreas de Conhecimento e Integração Curricular

2_5A formação foi conduzida pela Dra. Clecí Körbes, professora do Setor de Educação Profissional e Tecnológica e pesquisadora do Observatório do Ensino Médio da Universidade Federal do Paraná.

Em continuidade à Formação Continuada de Professores do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, cerca de 150 orientadores de estudo de Curitiba e 38 de Paranaguá reuniram-se nos dias 22 e 23 de setembro de 2014, respectivamente, para o estudo do Caderno IV da Etapa I, que trata das Áreas de Conhecimento e Integração Curricular.

Os orientadores de estudo são responsáveis por mediar os grupos de estudo nas escolas, compostos por professores ou coordenadores pedagógicos do Ensino Médio.

Após a exposição dialogada dos fundamentos teórico-metodológicos presentes no Caderno de Formação, os orientadores de estudo desenvolveram atividade(s) de Reflexão e Ação com o acompanhamento das formadoras da UFPR e das formadoras regionais, que são professoras da Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

O encontro foi direcionado ao aprofundamento do estudo das dimensões da formação humana integral – a ciência, a cultura, o trabalho e a tecnologia – e à caracterização de área de conhecimento e de estratégias para um ensino integrado no Ensino Médio.

Ao final do evento alguns professores deixaram depoimentos sobre a contribuição da formação realizada e as experiências em andamento nas escolas, destacando a possibilidade da integração curricular e algumas das dificuldades encontradas no processo de sua efetivação.

Para a aproximação das diferentes áreas de conhecimento, alguns docentes destacam a contextualização como estratégia de análise da realidade (que deve ir além das práticas sociais vividas) com base no conhecimento escolar, um dos caminhos para colocar em prática o trabalho como princípio educativo:

[Docente 1]: O Encontro de hoje nos levou a refletir sobre as possibilidades de usar a contextualização nas aulas, usando como base a realidade do cotidiano escolar, e trabalhar em todas as disciplinas a integração, ampliando o diálogo entre os componentes curriculares.
Não é viável trabalhar mais os conteúdos de forma fragmentada.
A contextualização é um recurso e uma necessidade, que temos que colocar em prática para gerar uma ação transformadora em nossas aulas.

[Docente 2]: A abordagem feita pelo Caderno IV vem mostrar que é possível a execução das aulas de forma articulada com os saberes e elencando a realidade da comunidade escolar. Sabemos que algumas escolas já vêm realizando atividades de forma interdisciplinar, o que faz com que as aulas sejam mais atrativas e que o educando se veja como parte deste processo de conhecimento.

A compreensão do trabalho, da ciência e da tecnologia como parte da cultura, ou seja, do conjunto dos resultados da ação transformadora consciente do ser humano sobre o mundo, fortalece a concepção dos jovens como sujeitos por parte dos professores, como mostra esse relato:

[Docente3]: O tema deste caderno ressaltou e muito a ideia de que temos em nossas mãos educandos que não são ‘objetos’, mas sim ‘sujeitos’ capazes de transformar a realidade. No entanto, muitos deles não sabem disso e aí cabe a nós, educadores, orientá-los e incentivá-los a experimentar esse papel social, fazendo, ou não, a diferença no mundo, já que haverá a possibilidade de escolha.
A cada encontro percebo a necessidade de buscar mais e acredito que já tem feito a diferença na minha postura em sala de aula (…).

Ao longo deste e dos encontros anteriores dessa formação continuada, os professores estabeleceram relações com a prática pedagógica desenvolvida nas escolas e compartilharam experiências:

[Docente 4]: O Encontro foi muito interessante porque tratou das Áreas de Conhecimento e da Integração Curricular que é um assunto que vivenciamos a cada dia. A cada encontro essa questão fica mais clara e desmistifica o bicho de sete cabeças que criamos no decorrer da nossa jornada.

[Docente 5]: O presente Encontro foi de suma importância para podermos sanar possíveis dúvidas, discutir coletivamente os temas propostos, respeitando a diversidade de ideias, percepções e anseios de cada participante; suas peculiaridades, especificidades, realidades onde estão inseridos no seu ambiente de trabalho, sua escola, seu município.

Os docentes também enfatizaram que se sentem protagonistas da reestruturação curricular nas escolas de Ensino Médio em que atuam e que a formação continuada vem fortalecendo esse processo:

[Docente 6]: A formação sobre áreas de conhecimento e integração curricular foi muito interessante. Sendo este um tema de difícil abordagem, as estratégias de reflexão e os filmes sugeridos deixam a oportunidade de trazer elucidações bem pertinentes, sem muito do tédio que este tema pode trazer.
Acho que no Colégio muitas ideias irão se concretizar, havendo muito debate, estudo e vontade de participar de uma nova construção do que se tem como Ensino Médio.

[Docente 7]: Nas discussões realizadas até o momento nos encontros do Pacto Nacional do Ensino Médio, envolvendo as questões relacionadas à formação humana integral, o eixo norteador trabalho, ciência, cultura e tecnologia e a integração curricular, surgiu no grupo a provocação de se pensar o currículo enquanto um ‘grande mapa conceitual’. Essa proposição de organização se torna interessante, pois vai além do trabalho por projetos ou temas, e também assume um caráter de interdisciplinaridade. Logo o professor não perderá seu vínculo com o conteúdo curricular, que historicamente é muito forte.
Ao olhar o currículo escolar como um mapa conceitual poderá organizar-se os conteúdos curriculares de modo que possam ser trabalhados num mesmo momento, em disciplinas diferentes com contextos e olhares científicos distintos, mas que na sua totalidade almejam a formação integral proposta pelas DCNEM [Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio].

No diálogo com os professores e em especial no desenvolvimento das atividades de Reflexão e Ação percebeu-se a necessidade de aprofundar a relação entre as áreas de conhecimento e os fundamentos e formas de integração curricular, para o que contribuirá a Segunda Etapa da formação do Pacto, que já conta com cadernos organizados por Áreas de Conhecimento.

Por fim, dentre os relatos dos professores também houve referência a fatores que podem facilitar as mudanças, como a formação continuada, ou dificultá-las, como a sua falta ou a manutenção da atual organização do tempo pedagógico-curricular:

[Docente 8]: Sobre o assunto ‘Integração Curricular’ acredito que é uma forma que dá sentido aos conteúdos, pois para muitos alunos os conteúdos escolares estão sem muito significado. Penso, no entanto, que a integração curricular é uma tarefa difícil de ser realizada na escola organizada do jeito que está, isso porque é muito difícil tratar um assunto de maneira ampla com apenas 50 minutos de aula. Além disso, não é difícil encontrar professores que não possuem domínio da própria área de conhecimento, devido à formação fraca.
Apesar das dificuldades, penso que estamos dando o primeiro passo.

O Caderno IV do Pacto está disponível na íntegra em: https://observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wp-content/uploads/2014/03/Caderno-4-PRINT.pdf

A apresentação desenvolvida para a formação na UFPR está disponível em: http://goo.gl/i0EU5U

Fonte: Portal EmDiálogo, por Cleci Körbes, 07/10/14 – link para localidade original

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